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Toxina botulínica-Introdução
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA TOXINA BOTULÍNICA
O uso médico da toxina botulínica (TB) tanto na terapêutica quanto na área cosmética, representa um avanço científico nas pesquisas com microorganismos. Desde a descrição do botulismo como doença, identificação do agente etiológico, obtenção da toxina, até seu uso clínico, muitos anos se passaram e inúmeras pesquisas foram publicadas.
Hoje, após esse longo caminho percorrido, diversos usos do TB estão consagrados e este medicamento tornou-se sinônimo de glamour, beleza e bem-estar.
HISTÓRICO
O botulismo é uma doença conhecida há muitos anos. O agente biológico é uma bactéria anaeróbica, que foi identificada por Emile Pierre van Ermengen da Bélgica, em 1895 e denominada Bacillus botulinius, sendo posteriormente renomeada para Clostridium botulinium .Essa bactéria produz a toxina botulínica, que é o agente etiológico causador da doença. O precipitado ácido da toxina botulínica do tipo A foi isolado em 1920 por Herman Sommer da universidade da Califórnia. Dando sequências às pesquisas, Edward J. Schantz purificou a toxina tipo A na forma cristalina. E o Vernon Brooks, na década de 1950, utilizando a forma cristalina da toxina, descobriu que a droga bloqueava a liberação de acetilcolina das terminações nervosas motoras, com paralisia temporária do músculo. Tal fato despertou grande interesse na comunidade científica da época, alavancando novas pesquisas com a toxina. A partir da década de 1970, Alan B. Scott passou a testar o produto cedido por Edward Schantz, em macacos, para avaliar os efeitos da distonia muscular relacionada ao estrabismo. Scott injetava pequenas quantidades de toxina botulínica em músculos hiperativos de macacos e observou melhora do estrabismo. Nos anos 70, Scott fundou uma companhia para dar continuidade aos estudos com a toxina botulínica, a Oculinum INC. Em 1978, os pesquisadores dessa empresa obtiveram permissão do “Food and Drug administration” (FDA) para utilizar a droga em voluntários humanos e, a partir de 1989, foi liberada a comercialização da toxina botulínica tipo A nos Estados Unidos, para uso em estrabismo e blefaroespasmo associado à distonia muscular, em pacientes maiores de 12 anos de idade.
Foi o casal de médicos canadense, Alastair e Jean Carruthers, que na década de 1990 desenvolveu o uso cosmético da TB. A indicação para uso cosmético na face surgiu ao acaso, quando a oftalmologista Dra Jean Carruthers observou que os pacientes tratados com blefaroespasmo melhoravam o aspecto das rugas da glabela.
Posteriormente, os próprios Carruthers e outros diversos autores consagraram o uso cosmético da TB através de diversas publicações científicas e também da divulgação nos meios de comunicação.
Recentemente, após 20 anos de uso seguro na face, foi aprovada pela FDA o uso estético da TB tipo A para fins faciais.
O uso cosmético da TB revolucionou a medicina estética e hoje, além de tratamentos de rugas e marcas de expressão facial, mostra-se efetiva para o tratamento de hiperidrose, tratamento de rugas de colo e pescoço, elevação da ponta do nariz, sorriso gengival e outras novas indicações.
ESTRUTURA DE SOROTIPOS DA TOXINA BOTULÍNICA
A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida por uma bactéria anaeróbica, o Clostridium botulinum. A molécula da toxina botulínica é composta por uma cadeia polipeptídica simples, e de 150KD e a cadeia pesada (100KD) tem afinidade com a placa motora e se relaciona com a internalização da toxina, enquanto a cadeia leve (50KD) bloqueia a liberação de acetilcolina cálcio-dependente.
O Clostridium botulinum produz sete tipos diferentes de neurotoxina, a saber: A, B, C, E, F e G, que são sorologicamente distintas, mas possuem estrutura e função semelhantes. Os sorotipos são classificados de acordo com o seu alvo celular, potência e duração da ação, e só estão comercialmente disponíveis os soros A e B
MECANISMOS DE AÇÃO
Uma vez a molécula da TB tem relativamente pouca potência para promover o bloqueio muscular, é preciso que ocorra uma modificação na estrutura protéica terciária da toxina para que ela aja nas sinapses colinérgicas.
A ativação da toxina botulínica se dá através das seguintes etapas.
a) Internalização: Após a injeção, a cadeia pesada liga-se especificamente a receptores das membranas colinérgicas pré-sinápticas.
b) Redução e translocação da ponte dissulfídica: Após a internalização, a ponte dissulfídica é quebrada por um processo ainda desconhecido. A parte terminal da cadeia pesada promove a penetração e, translocação da cadeia leve através da membrana celular.
c) Atividade enzimática da cadeia leve: A cadeia age como zinco-dependentes com capacidade proteolítica.
A toxina liga-se aos neurônios pré-sinápticos na primeira hora de ação de forma específica e irreversível. A paralisia clínica começa após 24 horas, completando-se em duas semanas. O retorno da atividade muscular ocorre por brotamentos dos axônios motores.
IMUNOLOGIA
É possível que ocorra a formação de anticorpos neutralizantes antitoxina botulínica, principalmente em pacientes que receberam altas doses, em curtos intervalos de tempo, por longos períodos.
Os anticorpos IgG que se formam, são a maioria causa da perda de eficácia no tratamento clínico. Reforços e/ou correções devem ser evitados no tratamento de forma a manter o números de unidades aplicadas no primeiro procedimento.O potencial antigênico da TB é tanto maior quanto maior for a quantidade de proteínas e outras moléculas inativas presentes na fórmula. Atualmente, as formulações foram aprimoradas e contêm menor carga de proteína total, sem diminuição do potencial do produto.
Uma alternativa futura aos pacientes que não responderem mais à toxina botulínica tipo A seria a utilização de outros sorotipos da TB, como o C, que parece ser a melhor opção, embora ainda sejam necessários novos estudos neste sentido.
CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO
Há quatro apresentações da TB no mercado: Botox, Dysport e Prosigne (TB tipo A) e myobloc/ Neurobloc (TB tipo B), estando disponíveis no Brasil: Botox da empresa allergan, Dysport produzido pela speywood e Prosigne da empresa lanzhou.
Todos os produtos são seguros e eficazes, mas o uso do myobloc é clinicamente mais efetivo para fins neurológicos e menos efetivo para fins estéticos.
As toxinas vaiam em suas potências, purificação e quantidade de proteína .
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