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Células-tronco na Dermatologia
Devido a seu potencial espetacular, as células-tronco parecem prometer a cura miraculosa para todos os males. Em muitos casos, a promessa permanece no campo hipotético. Entre as áreas em que já há resultados práticos, desponta um tratamento inovador para o rejuvenescimento da pele. O procedimento começa com uma pequena cirurgia para a retirada da pele de uma região rica em bulbos capilares, em volta dos quais existem muitas células-tronco – aquelas que levam a chave biológica para se transformar em outros tipos de célula do corpo humano. Nesse caso, elas são utilizadas na multiplicação dos fibroblastos, as células que produzem colágeno e elastina, responsáveis pela sustentação da cútis. Com tecido e sangue colhidos do paciente, o laboratório prepara uma solução para ser injetada em rugas, cicatrizes ou marcas de acne (veja o quadro). Com a implantação de milhões de fibroblastos novos, incentiva-se um processo de regeneração que é o oposto dos tratamentos cosméticos superficiais: de dentro para fora. "A terapia celular é o futuro da humanidade", diz a dermatologista Paula Bellotti, pioneira do procedimento. "Virou coqueluche no consultório", informa a médica Karla Assed.
Como todo tratamento estético de vanguarda, o preço é astronômico: não sai por menos de 18.000 reais. As primeiras pesquisas sobre o uso de células-tronco para essa finalidade começaram nos anos 90 nos Estados Unidos, onde a terapia ainda é experimental por falta de aprovação da agência regulatória americana, a FDA. No Brasil, a técnica levou dois anos para ser desenvolvida pela dermatologista Neide Kalil Gaspar, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com o biólogo Radovan Borojevic, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável pelo laboratório Excellion, que obteve licença no fim de março para manipular células retiradas da pele humana. Segundo Neide, não é preciso regulamentar o uso clínico do método no país. "É como um enxerto de material retirado do próprio paciente", diz.
"Vivem me perguntando se fiz plástica para retirar as rugas do rosto", conta a psicóloga carioca Ledir Nanci, 50 anos, que foi paciente durante as pesquisas. O tratamento pode ser feito também como complemento de outros, como a cirurgia plástica. "Os novos fibroblastos rejuvenescem a pele esticada pela plástica", afirma Neide. Como se trata de um procedimento recente, sua duração ainda é apenas estimada. "Há notícias de estudos americanos de que a melhora da pele dura muitos anos, mas não podemos estimar o prazo de validade porque não temos uma série histórica", diz o biólogo Borojevic.
Terapia Celular – Fibroblastos
É uma nova terapia utilizada para prolongar a juventude da pele.
Como é feito o tratamento?
O processo é baseado na coleta de um fragmento de pele que é enviado ao laboratório, onde os fibroblastos são separados das outras células da pele e tratados com fatores de crescimento, que estimulam a sua multiplicação. Depois de algumas semanas, os fibroblastos cultivados são acondicionados em seringas, prontas para a aplicação.
Após anestesia tópica (cremes anestésicos), o material é injetado na segunda camada da pele, a derme. São utilizadas seringas de 1ml, com agulha fina e a quantidade a ser injetada vai depender da necessidade de cada paciente.
Resultados
Em geral, os intervalos serão definidos de acordo com a cultura individual e as aplicações poderão ser feitas em média de dois em dois meses. O resultado não é imediato, já que não se trata de um preenchimento e sim de uma estimulação celular. As células injetadas vão se integrar à pele e começar um processo de restauração da derme, produzindo colágeno e substâncias da matriz extracelular.
Os fibroblastos cultivados podem ser congelados em laboratório para serem utilizados no futuro.
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